Como Investir em Ações

O investimento em ações é cheio de mitos, lendas e fantasias. Provavelmente você já ouviu falar que alguém perdeu tudo na bolsa ou que é preciso ser um expert para apostar em ações.

A verdade é que por falta de conhecimento, até as palavras são mal-empregadas.

Por exemplo, apostar e investir são coisas totalmente distintas. Do mesmo jeito que você não investe quando vai a um casino em Las Vegas, você não aposta quando compra um apartamento para alugar.

A confusão vem do fato que você realmente pode fazer as duas coisas na bolsa de valores, investir ou apostar. Seja com ação ou com algum outro tipo de valor imobiliário, como opções ou commodities (mercadorias).

Veremos essa diferença com mais detalhe um pouco mais adiante.

O investimento em ações pode ser uma das melhores formas de você empregar o seu dinheiro e construir patrimônio ao longo dos anos.

Isso porque você estará investindo em empresas, que desenvolvem e produzem produtos e serviços, e que geram lucros.

Investir em ações é investir em empresas.

Para uma empresa chegar ao ponto de abrir capital na bolsa de valores, é porque ela já tem um porte relativamente grande. Isso quer dizer que ela já trabalha com processos bem definidos, profissionais qualificados e participação de mercado relevante.

Desse modo, o risco de investir em uma empresa listada na bolsa tende a ser menor que aquele tomado quando investindo em uma startup ou em uma empresa familiar de pequeno porte.

Para que uma empresa seja negociada na bolsa de valores ela também deve cumprir com padrões rígidos de transparência e comunicação com os investidores. Isso inclui a divulgação de demonstrações financeiras trimestrais e anuais, além de vários outros documentos de interesse dos investidores.

Também vale lembrar que as empresas se empenham em desenvolver novos produtos, conquistar novos mercados e ganhar eficiência. Tudo isso se traduz em faturamento e lucro crescente.

iphone evolucao

A Apple constantemente aperfeiçoa e lança novos produtos

Ao comprar uma ação você se torna sócio da empresa, e é justo que você também ganhe com o crescimento dela.

Os detalhes de como avaliar as empresas que você deve investir estão na seção Avaliação das Empresas, um pouco mais abaixo.

O que você vai aprender nesse post

Ao ler esse artigo na íntegra, você terá uma visão clara sobre os seguintes tópicos:

  • O que é uma ação
  • Diferença entre investimento e especulação
  • Noções básicas do que é a bolsa de valores
  • As estratégias e os benefícios de investir em ações no longo prazo
  • Noções básicas de como avaliar uma ação
  • Comparação entre ações individuais, fundos de ações, ETFs e fundos de índice.
  • Como escolher uma corretora e abrir uma conta

O Que é uma Ação?

Ação da Brahma atual AMBEV

Ação Preferencial da Cervejaria Brahma, atual Ambev.

Segundo o site investidor.gov.br, a “ação é a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades anônimas. É, portanto, um título patrimonial e, como tal, concede aos seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deveres de um sócio, no limite das ações possuídas.”

Ou seja, a ação é um pedacinho de uma empresa. O menor pedaço. E você comprando esse pedaço, se torna sócio da empresa. 

Há duas classes de ações, as ON ou Ações Ordinárias, e as PN ou Ações Preferenciais.

A diferença básica é que as ações ON dão direito a voto nas assembléias de acionistas, enquanto as ações PN têm preferência no recebimento de proventos, porém sem direito a voto.

Existem também as Units, que é uma combinação de ações PN e ON.

 

O que é a Bolsa de Valores?

A bolsa de valores nada mais é que um ambiente de negócios.Bolsa de Valores B3

Lá se negociam vários tipos de valores mobiliários, como ações, debêntures, LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), dólar, índice, e mercadorias (também chamadas de commodities), como boi, soja, milho e café, por exemplo.

No Brasil temos a B3 (Brasil Bolsa Balcão), que é resultado da fusão da CETIP (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos), com a BM&FBovespa. Sendo que a BM&FBovespa foi criada a partir da fusão da Bovespa com a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros).

O que importa é saber que hoje, a bolsa do Brasil é a B3 e que todas as transações com ações são efetuadas por lá, através de uma corretora de valores.

O que é uma Corretora?

As corretoras de valores mobiliários, ou simplesmente corretoras, são as empresas responsáveis por fazer a ligação dos investidores com a bolsa de valores.

Para negociar uma ação, você deverá possuir uma conta em uma corretoras de valores mobiliários.

Os detalhes de como avaliar e abrir uma conta estão no final desse post.

 

O que a bolsa de valores não é?

A bolsa não é, apesar de algumas pessoas acharem, um lugar para entrar e ganhar um dinheiro rápido e fácil.

A bolsa de valores não é um casino.

Quem vê a bolsa dessa maneira infelizmente está fadado ao fracasso.

A bolsa também não é um lugar onde só os que se dizem especialistas se dão bem. Na verdade, eles frequentemente se dão mal.

Muitos dos que lá trabalham não investem o próprio dinheiro. A maioria tende a fazer apostas de curto prazo e na esperança de ganhar um extra para complementar o salário.

Digo isso não por ouvir falar, mas porque já estive lá. Por um breve período de tempo fui assessor de investimentos. Era uma vida dura!

 

Os corretores de ações ou assessores de investimentos

Os assessores de investimento são remunerados através de comissões. Seus salários dependem de convencer os clientes a comprarem ou venderem um determinado “papel” (é assim que chamamos os títulos de valores imobiliários, que pode ser uma ação por exemplo).

Isso quer dizer que, apesar de querer que o cliente lucre com a operação (que é uma notícia melhor de se dar), o corretor estará ganhando tanto no ganho quanto no prejuízo.

Sem contar que para ele é interessante que você “gire” o seu dinheiro. Ou seja, não o deixe parado, simplesmente investido, pois isso não gera comissão de corretagem.

Vale também dizer que para se tornar um assessor de investimentos, tudo que se precisa fazer é uma prova, além de ter o ensino médio completo.

O perfil de profissional que as corretoras buscam é o de um vendedor, e não necessariamente alguém que tenha os melhores conhecimentos sobre investimentos. A prova que os candidatos à vaga fizeram para conseguir o certificado de agente autônomo de investimentos, em tese, já atesta que eles sabem o suficiente.

Há sim, claro, os profissionais bons, qualificados e honestos, e que valem cada centavo que se gasta com os serviços. Eles entregam mais do que se espera de um corretor, e mantêm o investidor no caminho certo, no caminho do crescimento patrimonial.

Infelizmente não creio que seja a maioria.

Tive que escrever tudo isso para mostrar que, ao investir em ações, é preciso pensar por conta própria.

Escute o que seu assessor tem a dizer, mas faça o seu dever de casa.

Outra coisa que você tem que saber é que comprar as ações via home broker é muito mais barato que via mesa de operações, com o assessor de investimentos.

Parafraseando Warren Buffett, “Wall Street é aquele lugar em que as pessoas vão de Rolls-Royce se aconselhar com aqueles que pegam o metrô.”

 

Investimento versus Especulação

Investimento e especulação são coisas totalmente diferentes.

Como já mencionei, você não investe no casino em Las Vegas (a menos que você esteja comprando o casino), nem pensa em estar apostando quando compra um apartamento para alugar.

O problema é que com as ações você pode fazer as duas coisas.

Há quem compre ações como investimento, e há quem as compre (ou venda) como apostas, que é apenas um outro nome para especulação.

O investidor tem visão de longo prazo quando compra ações de uma companhia.

Ele investe no potencial de geração de caixa e de crescimento da empresa.

O investidor tem a mentalidade de um sócio.

Ele irá avaliar a empresa como um todo, da mesma forma que ele avaliaria um pequeno negócio. Isso inclui avaliar o mercado consumidor, os produtos, a participação de mercado, os concorrentes, bem como as demonstrações financeiras.

posto de gasolina

Você compraria esse posto?

Por exemplo, imagine que você fosse comprar um posto de combustível.

Você iria querer saber da localização do posto, valor do aluguel, faturamento mensal, bandeira (marca) do posto, quais são os outros postos que estão próximos (concorrência), número de funcionários, passivo trabalhista, dívidas etc.

É uma porção de informações que você irá precisar para tomar uma decisão assertiva e com confiança.

Ao investir em uma ação, você deveria fazer exatamente o mesmo.

Isso irá reduzir seu risco e aumentar suas chances de sucesso nos investimentos.

É um pouco mais trabalhoso que simplesmente avaliar um gráfico ou seguir um palpite. Porém no longo prazo esse trabalho costuma render bons frutos.

O especulador, no entanto, busca movimentos no preço da ação no curto prazo.

Com base em dados, gráficos e expectativas ou percepções de mercado, o especulador irá avaliar se deve ou não entrar em uma operação.

Sim, eles chamam a especulação de operação. Até a linguagem usada é diferente.

Eles também não se autodenominam especuladores, e sim traders. Essa denominação dá um ar de importância ao que fazem.

O prazo dessas operações pode variar, mas no geral são de curto prazo.

Você já deve ter ouvido falar dos day-trades. Essas são operações que acontecem dentro de um mesmo dia. E há aquelas pessoas que fazem exclusivamente esse tipo de operação.

Nesse caso, o operador, ou day-trader, pode comprar ou vender ações de várias empresas, mas ao final do dia terá liquidado todas as suas posições, seja com lucro ou com prejuízo.

Há também os swing-traders. Esses buscam movimentos um pouco mais longos, que se traduz uma maior diferença (amplitude) de preços. Geralmente essas operações podem levar alguns dias ou até mesmo algumas semanas.

 

O que é Alavancagem?

Outro termo muito comum usado no dia a dia dos investimentos é a alavancagem.

Alavancagem é a utilização de capital de terceiros (empréstimo) para a realização de uma operação ou investimento.

alavancagem

Princípio da Alavancagem

Sempre que se usa um empréstimo para ter acesso a um ativo que possibilita alcançar resultados maiores do que aquele que você conseguiria com seu próprio capital, chamamos de alavancagem.

As empresas se alavancam quando tomam um empréstimo para construir uma nova fábrica. Uma família se alavanca quando dá entrada em um imóvel, seja para se livrar do aluguel ou para investir. E os operadores do mercado de capitais se alavancam constantemente em suas operações.

Os day-traders, por exemplo, podem operar até cerca de 40 vezes o valor do seu capital em algumas ações. Com os derivativos esse número pode ser bem maior.

A corretora permite, e até incentiva, que você use o dinheiro dela nas suas operações.

Assim, se você tem R$ 10 mil depositados em sua conta na corretora, quer dizer que você pode negociar até 400 mil reais em uma operação.

Vamos a um exemplo…

Sem utilizar o dinheiro da corretora, caso uma ação da empresa XYZ custe R$ 20 e você decida especular todos os seus R$ 10 mil nessa operação, você poderia comprar 500 ações.

Se a ação subir 1%, para R$ 20,20, você ficará com R$ 10.100,00.

Caso você decida usar o dinheiro da corretora no limite de R$ 400 mil, você poderia comprar 20 mil ações.

Ela subindo os mesmos 1%, você teria ganho impressionantes R$ 4 mil. Uau!

A ressalva é que, se a ação fosse na direção oposta, você teria perdido R$ 4 mil.

Para a corretora tanto faz se você ganha ou perde. Ela sempre ganha.

Isso porque ela possui um setor de risco que monitora sua operação.

Vamos supor que, no exemplo acima, você tenha comprado R$ 400 mil em ações da empresa XYZ.

A corretora só teria risco de perder dinheiro se a ação caísse mais de 2,5% em relação ao valor que ela foi adquirida.

Antes disso, porém, ela irá te ligar e pedir que você deposite mais dinheiro para continuar na operação. Isso é a “chamada de margem”. Caso você não deposite mais dinheiro, ela irá desfazer sua posição.

As ações mais voláteis, ou seja, aquelas que apresentam maiores variações de preço, tendem a ter um limite de alavancagem menor.

Lembre-se que a corretora, como qualquer outro negócio, está buscando maximizar os lucros e minimizar os gastos e prejuízos.

 

Investimento para o longo prazo

Se você leu tudo até aqui, viu que investimento para o longo prazo é quase um pleonasmo.

Em se tratando de ações, o longo prazo é o único prazo que se pode imaginar.

As empresas não crescem 20, 50 ou 100% em questão de semanas, mas de anos!

Os negócios, de maneira geral, possuem estágios de crescimento.

Ciclo de vida empresarial

Ciclo de vida empresarial

Uma empresa que acabou de começar (startup) poderá apresentar crescimento bem mais alto que uma já estabelecida. Isso porque é muito mais fácil uma empresa que tenha 10 clientes, conquistar mais 10, do que uma empresa que tem 1 milhão conseguir mais 1 milhão.

Outras empresas, apesar de terem um porte já respeitável, ainda podem apresentar um crescimento bastante significativo.

Algumas já alcançaram a maturidade. São empresas que apresentam pouco crescimento, porém que geram bastante caixa, pois já estão estabelecidas. Geralmente são as empresas que pagam bons dividendos.

E há aquelas que estão em declínio, seja porque o mercado está deixando de existir (caso clássico das fabricantes de cigarros), ou porque não conseguiu acompanhar a concorrência e foi perdendo mercado ou se complicando financeiramente.

Entendendo em qual categoria a empresa que você pretende investir se encaixa, ficará mais fácil fazer uma avaliação correta.

Avaliação das ações

Quem investe em ações deve avaliar as empresas nas quais está investindo.

Uma análise detalhada se faz necessária para diminuir os riscos e aumentar as chances de sucesso.

Algumas coisas bastante simples, como saber se a empresa vem gerando lucros ou prejuízos, se as vendas vêm crescendo ou diminuindo, ou se a empresa está muito endividada podem evitar que você entre em furada.

São dois os tipos de análise de ações. A análise técnica e a análise fundamentalista.

Análise Técnica ou Gráfica

A análise técnica ou gráfica é aquela que estuda os movimentos dos preços das ações, e estão muito mais ligadas à especulação que ao investimento. Por esse motivo não vou entrar em detalhes sobre ela aqui nesse post.

análise técnica de ações

Análise Fundamentalista

A Análise Fundamentalista, como o nome sugere, irá analisar os fundamentos da companhia. Ou seja, o que fundamenta o preço da ação ou seu valor de mercado.

Esse é o tipo de análise que você faria para comprar o posto de combustível que citei anteriormente.

Aqui analisamos coisas como lucratividade, segmento, mercado consumidor, produtos e serviços ofertados, entre outras coisas.

Podemos subdividir a análise fundamentalista em 2 partes: a análise por fluxo de caixa, análise por comparação de múltiplos.

A análise por fluxo de caixa busca prever a performance da empresa no futuro, baseando-se em projeções e premissas.

Já a análise por múltiplos, irá comparar alguns números das demonstrações financeiras da companhia.

Por exemplo, qual o preço da ação em relação ao lucro? Daí temos o indicador P/L, que significa Preço por Lucro.

Se uma ação vale R$10, e o lucro no último ano foi R$1 por ação, seu P/L será 10. Que é o resultado da divisão de 10 por 1.

Já se essa empresa, valendo os mesmos R$10, tivesse reportado lucro de R$2 por ação, seu P/L seria 5. Que é o resultado de 10 dividido por 2 (10/2).

Dentre os múltiplos mais comuns estão:

  • P/L (Preço por Lucro)
  • ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido)
  • LPA (Lucro por Ação)
  • Dividend Yield (Quanto a empresa paga de dividendo em relação ao valor da ação)

Outros indicadores que complementam análise são:

  • Margem de Lucro Bruto
  • EBITDA (Quer dizer Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, que em português significa Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização)
  • Margem EBITDA
  • Margem de Lucro Líquido

Não se assuste com toda essa nomenclatura e quantidade de informação. É só uma questão de tempo e um pouco de leitura sobre o assunto para que tudo comece a fazer sentido.

zipline risco

Tenha sempre em mente a mitigação e o gerenciamento dos riscos.

Mitigação dos Riscos

A mitigação dos riscos é uma das coisas mais importantes, se não a mais importante que deve ser feita com os investimentos.

Prever o futuro é impossível. Porém você pode visualizar cenários mais prováveis, menos prováveis ou até mesmo improváveis, com chances mínimas de acontecer.

É com base nessas percepções que investimos. Fazemos isso por acreditar que no futuro as coisas valerão mais do que valem hoje.

No entanto, falando de um ambiente em constante mudança e altamente competitivo, nunca saberemos ao certo se uma decisão tomada hoje trará resultados positivos no futuro.

Pensando nisso, sempre aplico essas 3 formas de mitigar os riscos nos meus investimentos:

  1. Conhecimento: É preciso saber o que se está fazendo. Isso inclui se interessar, ler e estudar assuntos relacionados a finanças, empresas, economia etc.. Além disso, é preciso estudar bem qualquer empresa em que se pretende investir. Isso te permitirá investir com confiança.
  2. Diversificação: Mesmo fazendo todo o dever de casa antes de investir, é possível que as coisas não saiam da forma que você planejou ou projetou. Por isso temos que investir em um portfólio de ativos. O portfólio deve ser constituído por diferentes ações, em diferentes segmentos e também deve contar com outras classes de ativos.

Eu e minha esposa, por exemplo, investimos em ações e imóveis. Além disso sempre mantemos uma parte do nosso patrimônio em uma espécie de “poupança”, para aproveitar eventuais oportunidades de investimento. Isso faz sentido principalmente quando as ações, em geral, parecem muito caras.

Leia também esses artigos:

  1. Margem de Segurança: ao avaliar uma ação, você chegará a um valor justo ou intrínseco para aquela ação. Comprar com margem de segurança significa que você só deverá comprar a ação caso ela esteja sendo negociada abaixo do valor que você avaliou. Quanto maior a diferença, mais protegido de um erro de avaliação você estará.

Esse conceito foi criado por Benjamin Graham, professor de Warren Buffett, e está no livro Investidor Inteligente, que está na nossa lista dos Melhores Livros de Investimentos e Finanças Pessoais.

 

ETFs e Fundos de Ações

Caso você não tenha paciência ou não queira ficar acompanhando o mercado ou as empresas individualmente, há uma saída.

Você já deve ter ouvido falar do tal do Ibovespa, certo?

O Ibovespa é o índice da Bovespa, que é composto pelas principais ações negociadas na B3.

Ela funciona como um termômetro do que está acontecendo no mercado de ações de uma forma geral.

Além de ser o principal balizador do mercado brasileiro de ações, ela atende a um dos nossos critérios de mitigação de riscos – a diversificação.

Como se trata de uma carteira com as principais ações, mesmo que uma empresa ou setor sofra um impacto grande, outro poderá apresentar um crescimento importante, funcionando como um contra-peso na carteira.

Você pode investir no Ibovespa de duas formas:

 

Fundos de Ações

Antigamente a forma de conseguir rentabilidade igual a do Ibovespa era possível apenas comprando as ações que compunham o índice, e naquela mesma proporção. Um dos inconvenientes é que o índice é atualizado (há troca de empresas ou da proporção delas dentro do índice) a cada 4 meses, de acordo com alguns critérios estabelecidos pela B3.

Dessa forma, o investidor teria que investir uma quantidade relativamente grande de dinheiro, pois teria que comprar muitas ações, e ainda ter o trabalho de recalibrar a carteira 3 vezes ao ano.

Para facilitar o acesso a essa carteira teórica, os bancos e as corretoras passaram a oferecer fundos de investimento em ações que replicam o Ibovespa.

Esses fundos de investimento têm baixo custo, pois são fundos passivos. Nenhum profissional precisa ficar analisando quais ações irão compor o fundo. As ações do fundo são aquelas do índice Ibovespa e ponto final.

Caso opte por investir em outros fundos de investimentos em ações ou renda variável, tenha bastante cuidado. Os custos desses fundos geralmente são altos, na casa de 1 a 2% ao ano sobre o valor investido, mais uma taxa de performance que gira em torno de 20% do ganho que exceder um determinado índice.

Apesar de parecer pequena, essa taxa de administração mais a de performance fazem um grande estrago no seu patrimônio ao longo de alguns anos.

 

ETF ou Exchange Traded Funds

Mais recentemente surgiram os ETFs ou Exchange Traded Funds.

Os ETFs são como os Fundos de Investimentos em Ações, sendo que eles são negociados na bolsa de valores como as ações.

Hoje são várias ETFs disponíveis no mercado. Alguns replicam o Ibovespa, mas há outros ETFs replicando os mais diferentes índices, até mesmo o S&P500, dos Estados Unidos.

Abaixo está o link da B3 com a lista de todos os ETFs negociados na bolsa.

https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/etf/renda-variavel/etfs-listados/

Assim como nos Fundos de ações, é importante avaliar os custos de cada ETF. Há ETFs que replicam o Ibovespa que vão de 0,18% (BBOV11) a 0,54% (BOVA11) ao ano de taxa de administração. Como mencionado, esse aparente pequeno custo, ao longo de muitos anos, faz uma enorme diferença.

 

Abrindo Conta na Corretora

Há um grande número de corretoras de valores mobiliários no mercado brasileiro. Cada um dos grandes bancos tem sua corretora, como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. Mas também há uma série de outras corretoras independentes, como XP, Rico, Toro, ModalMais, Clear e Easyinvest por exemplo.

De maneira geral as corretoras independentes oferecem mais variedade de investimentos, melhores plataformas e custos mais atrativos. Isso ocorre porque a competição é mais intensa.

Por serem independentes, elas podem oferecer produtos de várias outras instituições, assim como acontece com as corretoras de seguros. Além disso, esse é o negócio principal delas, enquanto nos grandes bancos a corretora é apenas um ramo do banco e está atrelada aos interesses deste.

Quando você for escolher uma corretora, você deve prestar atenção em alguns pontos importantes:

  • Ser cadastrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários);
  • Ter boa reputação
  • Ter custos de transação baixos

Há corretoras que cobram cerca de R$1 de corretagem por transação enquanto outras cobram R$20.

E esse valor ainda pode ser muito maior caso você faça a transação via mesa de operações, isto é, diretamente com um assessor de investimentos. Nesse caso geralmente os valores são um percentual do valor da transação.

Abaixo segue uma lista com os links de algumas das principais corretoras independentes.

O cadastro na corretora costuma ser rápido e em poucos dias você já poderá fazer seus primeiros aportes.

O seu dinheiro pode ser enviado a sua conta na corretora por meio de TED.

Risco de falência da corretora

Você não corre risco de perder dinheiro se a corretora falir caso o dinheiro já esteja aplicado (por exemplo em ações).

Porém se o dinheiro estiver na conta, sem estar aplicado, há risco de perda. Ou seja, apesar de pouco provável, deixe quantias mínimas na conta da corretora.

About the Author: Breno Lucarelli
Estudei Administração na UFRJ, já fui professor e livreiro. Hoje sou piloto de avião e também me dedico ao Lucro&Cia, educando e aprendendo cada dia mais sobre investimentos, finanças pessoais e empreendedorismo. No tempo livre ando de bike, corro e às vezes aprecio uma boa IPA. Vivo em Houston, no Texas com a minha esposa, Amanda.

Como Investir em Ações

O investimento em ações é cheio de mitos, lendas e fantasias. Provavelmente você já ouviu falar que alguém perdeu tudo na bolsa ou que é preciso ser um expert para apostar em ações.

A verdade é que por falta de conhecimento, até as palavras são mal-empregadas.

Por exemplo, apostar e investir são coisas totalmente distintas. Do mesmo jeito que você não investe quando vai a um casino em Las Vegas, você não aposta quando compra um apartamento para alugar.

A confusão vem do fato que você realmente pode fazer as duas coisas na bolsa de valores, investir ou apostar. Seja com ação ou com algum outro tipo de valor imobiliário, como opções ou commodities (mercadorias).

Veremos essa diferença com mais detalhe um pouco mais adiante.

O investimento em ações pode ser uma das melhores formas de você empregar o seu dinheiro e construir patrimônio ao longo dos anos.

Isso porque você estará investindo em empresas, que desenvolvem e produzem produtos e serviços, e que geram lucros.

Investir em ações é investir em empresas.

Para uma empresa chegar ao ponto de abrir capital na bolsa de valores, é porque ela já tem um porte relativamente grande. Isso quer dizer que ela já trabalha com processos bem definidos, profissionais qualificados e participação de mercado relevante.

Desse modo, o risco de investir em uma empresa listada na bolsa tende a ser menor que aquele tomado quando investindo em uma startup ou em uma empresa familiar de pequeno porte.

Para que uma empresa seja negociada na bolsa de valores ela também deve cumprir com padrões rígidos de transparência e comunicação com os investidores. Isso inclui a divulgação de demonstrações financeiras trimestrais e anuais, além de vários outros documentos de interesse dos investidores.

Também vale lembrar que as empresas se empenham em desenvolver novos produtos, conquistar novos mercados e ganhar eficiência. Tudo isso se traduz em faturamento e lucro crescente.

iphone evolucao

A Apple constantemente aperfeiçoa e lança novos produtos

Ao comprar uma ação você se torna sócio da empresa, e é justo que você também ganhe com o crescimento dela.

Os detalhes de como avaliar as empresas que você deve investir estão na seção Avaliação das Empresas, um pouco mais abaixo.

O que você vai aprender nesse post

Ao ler esse artigo na íntegra, você terá uma visão clara sobre os seguintes tópicos:

  • O que é uma ação
  • Diferença entre investimento e especulação
  • Noções básicas do que é a bolsa de valores
  • As estratégias e os benefícios de investir em ações no longo prazo
  • Noções básicas de como avaliar uma ação
  • Comparação entre ações individuais, fundos de ações, ETFs e fundos de índice.
  • Como escolher uma corretora e abrir uma conta

O Que é uma Ação?

Ação da Brahma atual AMBEV

Ação Preferencial da Cervejaria Brahma, atual Ambev.

Segundo o site investidor.gov.br, a “ação é a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades anônimas. É, portanto, um título patrimonial e, como tal, concede aos seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deveres de um sócio, no limite das ações possuídas.”

Ou seja, a ação é um pedacinho de uma empresa. O menor pedaço. E você comprando esse pedaço, se torna sócio da empresa. 

Há duas classes de ações, as ON ou Ações Ordinárias, e as PN ou Ações Preferenciais.

A diferença básica é que as ações ON dão direito a voto nas assembléias de acionistas, enquanto as ações PN têm preferência no recebimento de proventos, porém sem direito a voto.

Existem também as Units, que é uma combinação de ações PN e ON.

 

O que é a Bolsa de Valores?

A bolsa de valores nada mais é que um ambiente de negócios.Bolsa de Valores B3

Lá se negociam vários tipos de valores mobiliários, como ações, debêntures, LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), dólar, índice, e mercadorias (também chamadas de commodities), como boi, soja, milho e café, por exemplo.

No Brasil temos a B3 (Brasil Bolsa Balcão), que é resultado da fusão da CETIP (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos), com a BM&FBovespa. Sendo que a BM&FBovespa foi criada a partir da fusão da Bovespa com a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros).

O que importa é saber que hoje, a bolsa do Brasil é a B3 e que todas as transações com ações são efetuadas por lá, através de uma corretora de valores.

O que é uma Corretora?

As corretoras de valores mobiliários, ou simplesmente corretoras, são as empresas responsáveis por fazer a ligação dos investidores com a bolsa de valores.

Para negociar uma ação, você deverá possuir uma conta em uma corretoras de valores mobiliários.

Os detalhes de como avaliar e abrir uma conta estão no final desse post.

 

O que a bolsa de valores não é?

A bolsa não é, apesar de algumas pessoas acharem, um lugar para entrar e ganhar um dinheiro rápido e fácil.

A bolsa de valores não é um casino.

Quem vê a bolsa dessa maneira infelizmente está fadado ao fracasso.

A bolsa também não é um lugar onde só os que se dizem especialistas se dão bem. Na verdade, eles frequentemente se dão mal.

Muitos dos que lá trabalham não investem o próprio dinheiro. A maioria tende a fazer apostas de curto prazo e na esperança de ganhar um extra para complementar o salário.

Digo isso não por ouvir falar, mas porque já estive lá. Por um breve período de tempo fui assessor de investimentos. Era uma vida dura!

 

Os corretores de ações ou assessores de investimentos

Os assessores de investimento são remunerados através de comissões. Seus salários dependem de convencer os clientes a comprarem ou venderem um determinado “papel” (é assim que chamamos os títulos de valores imobiliários, que pode ser uma ação por exemplo).

Isso quer dizer que, apesar de querer que o cliente lucre com a operação (que é uma notícia melhor de se dar), o corretor estará ganhando tanto no ganho quanto no prejuízo.

Sem contar que para ele é interessante que você “gire” o seu dinheiro. Ou seja, não o deixe parado, simplesmente investido, pois isso não gera comissão de corretagem.

Vale também dizer que para se tornar um assessor de investimentos, tudo que se precisa fazer é uma prova, além de ter o ensino médio completo.

O perfil de profissional que as corretoras buscam é o de um vendedor, e não necessariamente alguém que tenha os melhores conhecimentos sobre investimentos. A prova que os candidatos à vaga fizeram para conseguir o certificado de agente autônomo de investimentos, em tese, já atesta que eles sabem o suficiente.

Há sim, claro, os profissionais bons, qualificados e honestos, e que valem cada centavo que se gasta com os serviços. Eles entregam mais do que se espera de um corretor, e mantêm o investidor no caminho certo, no caminho do crescimento patrimonial.

Infelizmente não creio que seja a maioria.

Tive que escrever tudo isso para mostrar que, ao investir em ações, é preciso pensar por conta própria.

Escute o que seu assessor tem a dizer, mas faça o seu dever de casa.

Outra coisa que você tem que saber é que comprar as ações via home broker é muito mais barato que via mesa de operações, com o assessor de investimentos.

Parafraseando Warren Buffett, “Wall Street é aquele lugar em que as pessoas vão de Rolls-Royce se aconselhar com aqueles que pegam o metrô.”

 

Investimento versus Especulação

Investimento e especulação são coisas totalmente diferentes.

Como já mencionei, você não investe no casino em Las Vegas (a menos que você esteja comprando o casino), nem pensa em estar apostando quando compra um apartamento para alugar.

O problema é que com as ações você pode fazer as duas coisas.

Há quem compre ações como investimento, e há quem as compre (ou venda) como apostas, que é apenas um outro nome para especulação.

O investidor tem visão de longo prazo quando compra ações de uma companhia.

Ele investe no potencial de geração de caixa e de crescimento da empresa.

O investidor tem a mentalidade de um sócio.

Ele irá avaliar a empresa como um todo, da mesma forma que ele avaliaria um pequeno negócio. Isso inclui avaliar o mercado consumidor, os produtos, a participação de mercado, os concorrentes, bem como as demonstrações financeiras.

posto de gasolina

Você compraria esse posto?

Por exemplo, imagine que você fosse comprar um posto de combustível.

Você iria querer saber da localização do posto, valor do aluguel, faturamento mensal, bandeira (marca) do posto, quais são os outros postos que estão próximos (concorrência), número de funcionários, passivo trabalhista, dívidas etc.

É uma porção de informações que você irá precisar para tomar uma decisão assertiva e com confiança.

Ao investir em uma ação, você deveria fazer exatamente o mesmo.

Isso irá reduzir seu risco e aumentar suas chances de sucesso nos investimentos.

É um pouco mais trabalhoso que simplesmente avaliar um gráfico ou seguir um palpite. Porém no longo prazo esse trabalho costuma render bons frutos.

O especulador, no entanto, busca movimentos no preço da ação no curto prazo.

Com base em dados, gráficos e expectativas ou percepções de mercado, o especulador irá avaliar se deve ou não entrar em uma operação.

Sim, eles chamam a especulação de operação. Até a linguagem usada é diferente.

Eles também não se autodenominam especuladores, e sim traders. Essa denominação dá um ar de importância ao que fazem.

O prazo dessas operações pode variar, mas no geral são de curto prazo.

Você já deve ter ouvido falar dos day-trades. Essas são operações que acontecem dentro de um mesmo dia. E há aquelas pessoas que fazem exclusivamente esse tipo de operação.

Nesse caso, o operador, ou day-trader, pode comprar ou vender ações de várias empresas, mas ao final do dia terá liquidado todas as suas posições, seja com lucro ou com prejuízo.

Há também os swing-traders. Esses buscam movimentos um pouco mais longos, que se traduz uma maior diferença (amplitude) de preços. Geralmente essas operações podem levar alguns dias ou até mesmo algumas semanas.

 

O que é Alavancagem?

Outro termo muito comum usado no dia a dia dos investimentos é a alavancagem.

Alavancagem é a utilização de capital de terceiros (empréstimo) para a realização de uma operação ou investimento.

alavancagem

Princípio da Alavancagem

Sempre que se usa um empréstimo para ter acesso a um ativo que possibilita alcançar resultados maiores do que aquele que você conseguiria com seu próprio capital, chamamos de alavancagem.

As empresas se alavancam quando tomam um empréstimo para construir uma nova fábrica. Uma família se alavanca quando dá entrada em um imóvel, seja para se livrar do aluguel ou para investir. E os operadores do mercado de capitais se alavancam constantemente em suas operações.

Os day-traders, por exemplo, podem operar até cerca de 40 vezes o valor do seu capital em algumas ações. Com os derivativos esse número pode ser bem maior.

A corretora permite, e até incentiva, que você use o dinheiro dela nas suas operações.

Assim, se você tem R$ 10 mil depositados em sua conta na corretora, quer dizer que você pode negociar até 400 mil reais em uma operação.

Vamos a um exemplo…

Sem utilizar o dinheiro da corretora, caso uma ação da empresa XYZ custe R$ 20 e você decida especular todos os seus R$ 10 mil nessa operação, você poderia comprar 500 ações.

Se a ação subir 1%, para R$ 20,20, você ficará com R$ 10.100,00.

Caso você decida usar o dinheiro da corretora no limite de R$ 400 mil, você poderia comprar 20 mil ações.

Ela subindo os mesmos 1%, você teria ganho impressionantes R$ 4 mil. Uau!

A ressalva é que, se a ação fosse na direção oposta, você teria perdido R$ 4 mil.

Para a corretora tanto faz se você ganha ou perde. Ela sempre ganha.

Isso porque ela possui um setor de risco que monitora sua operação.

Vamos supor que, no exemplo acima, você tenha comprado R$ 400 mil em ações da empresa XYZ.

A corretora só teria risco de perder dinheiro se a ação caísse mais de 2,5% em relação ao valor que ela foi adquirida.

Antes disso, porém, ela irá te ligar e pedir que você deposite mais dinheiro para continuar na operação. Isso é a “chamada de margem”. Caso você não deposite mais dinheiro, ela irá desfazer sua posição.

As ações mais voláteis, ou seja, aquelas que apresentam maiores variações de preço, tendem a ter um limite de alavancagem menor.

Lembre-se que a corretora, como qualquer outro negócio, está buscando maximizar os lucros e minimizar os gastos e prejuízos.

 

Investimento para o longo prazo

Se você leu tudo até aqui, viu que investimento para o longo prazo é quase um pleonasmo.

Em se tratando de ações, o longo prazo é o único prazo que se pode imaginar.

As empresas não crescem 20, 50 ou 100% em questão de semanas, mas de anos!

Os negócios, de maneira geral, possuem estágios de crescimento.

Ciclo de vida empresarial

Ciclo de vida empresarial

Uma empresa que acabou de começar (startup) poderá apresentar crescimento bem mais alto que uma já estabelecida. Isso porque é muito mais fácil uma empresa que tenha 10 clientes, conquistar mais 10, do que uma empresa que tem 1 milhão conseguir mais 1 milhão.

Outras empresas, apesar de terem um porte já respeitável, ainda podem apresentar um crescimento bastante significativo.

Algumas já alcançaram a maturidade. São empresas que apresentam pouco crescimento, porém que geram bastante caixa, pois já estão estabelecidas. Geralmente são as empresas que pagam bons dividendos.

E há aquelas que estão em declínio, seja porque o mercado está deixando de existir (caso clássico das fabricantes de cigarros), ou porque não conseguiu acompanhar a concorrência e foi perdendo mercado ou se complicando financeiramente.

Entendendo em qual categoria a empresa que você pretende investir se encaixa, ficará mais fácil fazer uma avaliação correta.

Avaliação das ações

Quem investe em ações deve avaliar as empresas nas quais está investindo.

Uma análise detalhada se faz necessária para diminuir os riscos e aumentar as chances de sucesso.

Algumas coisas bastante simples, como saber se a empresa vem gerando lucros ou prejuízos, se as vendas vêm crescendo ou diminuindo, ou se a empresa está muito endividada podem evitar que você entre em furada.

São dois os tipos de análise de ações. A análise técnica e a análise fundamentalista.

Análise Técnica ou Gráfica

A análise técnica ou gráfica é aquela que estuda os movimentos dos preços das ações, e estão muito mais ligadas à especulação que ao investimento. Por esse motivo não vou entrar em detalhes sobre ela aqui nesse post.

análise técnica de ações

Análise Fundamentalista

A Análise Fundamentalista, como o nome sugere, irá analisar os fundamentos da companhia. Ou seja, o que fundamenta o preço da ação ou seu valor de mercado.

Esse é o tipo de análise que você faria para comprar o posto de combustível que citei anteriormente.

Aqui analisamos coisas como lucratividade, segmento, mercado consumidor, produtos e serviços ofertados, entre outras coisas.

Podemos subdividir a análise fundamentalista em 2 partes: a análise por fluxo de caixa, análise por comparação de múltiplos.

A análise por fluxo de caixa busca prever a performance da empresa no futuro, baseando-se em projeções e premissas.

Já a análise por múltiplos, irá comparar alguns números das demonstrações financeiras da companhia.

Por exemplo, qual o preço da ação em relação ao lucro? Daí temos o indicador P/L, que significa Preço por Lucro.

Se uma ação vale R$10, e o lucro no último ano foi R$1 por ação, seu P/L será 10. Que é o resultado da divisão de 10 por 1.

Já se essa empresa, valendo os mesmos R$10, tivesse reportado lucro de R$2 por ação, seu P/L seria 5. Que é o resultado de 10 dividido por 2 (10/2).

Dentre os múltiplos mais comuns estão:

  • P/L (Preço por Lucro)
  • ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido)
  • LPA (Lucro por Ação)
  • Dividend Yield (Quanto a empresa paga de dividendo em relação ao valor da ação)

Outros indicadores que complementam análise são:

  • Margem de Lucro Bruto
  • EBITDA (Quer dizer Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, que em português significa Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização)
  • Margem EBITDA
  • Margem de Lucro Líquido

Não se assuste com toda essa nomenclatura e quantidade de informação. É só uma questão de tempo e um pouco de leitura sobre o assunto para que tudo comece a fazer sentido.

zipline risco

Tenha sempre em mente a mitigação e o gerenciamento dos riscos.

Mitigação dos Riscos

A mitigação dos riscos é uma das coisas mais importantes, se não a mais importante que deve ser feita com os investimentos.

Prever o futuro é impossível. Porém você pode visualizar cenários mais prováveis, menos prováveis ou até mesmo improváveis, com chances mínimas de acontecer.

É com base nessas percepções que investimos. Fazemos isso por acreditar que no futuro as coisas valerão mais do que valem hoje.

No entanto, falando de um ambiente em constante mudança e altamente competitivo, nunca saberemos ao certo se uma decisão tomada hoje trará resultados positivos no futuro.

Pensando nisso, sempre aplico essas 3 formas de mitigar os riscos nos meus investimentos:

  1. Conhecimento: É preciso saber o que se está fazendo. Isso inclui se interessar, ler e estudar assuntos relacionados a finanças, empresas, economia etc.. Além disso, é preciso estudar bem qualquer empresa em que se pretende investir. Isso te permitirá investir com confiança.
  2. Diversificação: Mesmo fazendo todo o dever de casa antes de investir, é possível que as coisas não saiam da forma que você planejou ou projetou. Por isso temos que investir em um portfólio de ativos. O portfólio deve ser constituído por diferentes ações, em diferentes segmentos e também deve contar com outras classes de ativos.

Eu e minha esposa, por exemplo, investimos em ações e imóveis. Além disso sempre mantemos uma parte do nosso patrimônio em uma espécie de “poupança”, para aproveitar eventuais oportunidades de investimento. Isso faz sentido principalmente quando as ações, em geral, parecem muito caras.

Leia também esses artigos:

  1. Margem de Segurança: ao avaliar uma ação, você chegará a um valor justo ou intrínseco para aquela ação. Comprar com margem de segurança significa que você só deverá comprar a ação caso ela esteja sendo negociada abaixo do valor que você avaliou. Quanto maior a diferença, mais protegido de um erro de avaliação você estará.

Esse conceito foi criado por Benjamin Graham, professor de Warren Buffett, e está no livro Investidor Inteligente, que está na nossa lista dos Melhores Livros de Investimentos e Finanças Pessoais.

 

ETFs e Fundos de Ações

Caso você não tenha paciência ou não queira ficar acompanhando o mercado ou as empresas individualmente, há uma saída.

Você já deve ter ouvido falar do tal do Ibovespa, certo?

O Ibovespa é o índice da Bovespa, que é composto pelas principais ações negociadas na B3.

Ela funciona como um termômetro do que está acontecendo no mercado de ações de uma forma geral.

Além de ser o principal balizador do mercado brasileiro de ações, ela atende a um dos nossos critérios de mitigação de riscos – a diversificação.

Como se trata de uma carteira com as principais ações, mesmo que uma empresa ou setor sofra um impacto grande, outro poderá apresentar um crescimento importante, funcionando como um contra-peso na carteira.

Você pode investir no Ibovespa de duas formas:

 

Fundos de Ações

Antigamente a forma de conseguir rentabilidade igual a do Ibovespa era possível apenas comprando as ações que compunham o índice, e naquela mesma proporção. Um dos inconvenientes é que o índice é atualizado (há troca de empresas ou da proporção delas dentro do índice) a cada 4 meses, de acordo com alguns critérios estabelecidos pela B3.

Dessa forma, o investidor teria que investir uma quantidade relativamente grande de dinheiro, pois teria que comprar muitas ações, e ainda ter o trabalho de recalibrar a carteira 3 vezes ao ano.

Para facilitar o acesso a essa carteira teórica, os bancos e as corretoras passaram a oferecer fundos de investimento em ações que replicam o Ibovespa.

Esses fundos de investimento têm baixo custo, pois são fundos passivos. Nenhum profissional precisa ficar analisando quais ações irão compor o fundo. As ações do fundo são aquelas do índice Ibovespa e ponto final.

Caso opte por investir em outros fundos de investimentos em ações ou renda variável, tenha bastante cuidado. Os custos desses fundos geralmente são altos, na casa de 1 a 2% ao ano sobre o valor investido, mais uma taxa de performance que gira em torno de 20% do ganho que exceder um determinado índice.

Apesar de parecer pequena, essa taxa de administração mais a de performance fazem um grande estrago no seu patrimônio ao longo de alguns anos.

 

ETF ou Exchange Traded Funds

Mais recentemente surgiram os ETFs ou Exchange Traded Funds.

Os ETFs são como os Fundos de Investimentos em Ações, sendo que eles são negociados na bolsa de valores como as ações.

Hoje são várias ETFs disponíveis no mercado. Alguns replicam o Ibovespa, mas há outros ETFs replicando os mais diferentes índices, até mesmo o S&P500, dos Estados Unidos.

Abaixo está o link da B3 com a lista de todos os ETFs negociados na bolsa.

https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/etf/renda-variavel/etfs-listados/

Assim como nos Fundos de ações, é importante avaliar os custos de cada ETF. Há ETFs que replicam o Ibovespa que vão de 0,18% (BBOV11) a 0,54% (BOVA11) ao ano de taxa de administração. Como mencionado, esse aparente pequeno custo, ao longo de muitos anos, faz uma enorme diferença.

 

Abrindo Conta na Corretora

Há um grande número de corretoras de valores mobiliários no mercado brasileiro. Cada um dos grandes bancos tem sua corretora, como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. Mas também há uma série de outras corretoras independentes, como XP, Rico, Toro, ModalMais, Clear e Easyinvest por exemplo.

De maneira geral as corretoras independentes oferecem mais variedade de investimentos, melhores plataformas e custos mais atrativos. Isso ocorre porque a competição é mais intensa.

Por serem independentes, elas podem oferecer produtos de várias outras instituições, assim como acontece com as corretoras de seguros. Além disso, esse é o negócio principal delas, enquanto nos grandes bancos a corretora é apenas um ramo do banco e está atrelada aos interesses deste.

Quando você for escolher uma corretora, você deve prestar atenção em alguns pontos importantes:

  • Ser cadastrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários);
  • Ter boa reputação
  • Ter custos de transação baixos

Há corretoras que cobram cerca de R$1 de corretagem por transação enquanto outras cobram R$20.

E esse valor ainda pode ser muito maior caso você faça a transação via mesa de operações, isto é, diretamente com um assessor de investimentos. Nesse caso geralmente os valores são um percentual do valor da transação.

Abaixo segue uma lista com os links de algumas das principais corretoras independentes.

O cadastro na corretora costuma ser rápido e em poucos dias você já poderá fazer seus primeiros aportes.

O seu dinheiro pode ser enviado a sua conta na corretora por meio de TED.

Risco de falência da corretora

Você não corre risco de perder dinheiro se a corretora falir caso o dinheiro já esteja aplicado (por exemplo em ações).

Porém se o dinheiro estiver na conta, sem estar aplicado, há risco de perda. Ou seja, apesar de pouco provável, deixe quantias mínimas na conta da corretora.

About the Author: Breno Lucarelli
Estudei Administração na UFRJ, já fui professor e livreiro. Hoje sou piloto de avião e também me dedico ao Lucro&Cia, educando e aprendendo cada dia mais sobre investimentos, finanças pessoais e empreendedorismo. No tempo livre ando de bike, corro e às vezes aprecio uma boa IPA. Vivo em Houston, no Texas com a minha esposa, Amanda.
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